“Hoje
mais que nunca meu nome é luta....luto para que os direitos de todas as pessoas
com HIV/AIDS sejam respeitados, luto para que o preconceito, o estigma e a
discriminação diminua” Heliana Moura
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Ela vive com HIV há 16 anos. Mãe de dois filhos, a assistente social Heliana Moura é uma das mulheres ativistas de renome nacional que dedica suas vidas a combater o preconceito com as pessoas que vivem com HIV/AIDS no Brasil. Residente em Belo Horizonte é liderança do Movimento Nacional de Cidadãs Positivas (MNCP) e estará em São João del-Rei realizando oficinas de prevenção nas escolas na semana que antecede a parada gay, além de ser uma das agraciadas com o “Troféu São João del-Rei de Direitos Humanos e Combate a Homofobia”. Na entrevista abaixo ela fala sobre os desafios para superar uma epidemia que ainda mata e acomete, principalmente, a juventude gay e as mulheres jovens no Brasil. O machismo e a homofobia são apontados pela ativista como fatores preocupantes e que tem relação direta com a epidemia de Aids no nosso país. “O SUS precisa ser fortalecido” alerta a ativista.
MGRV: O que é o movimento nacional de
cidadãs positivas?
Heliana Moura: É um movimento de
mulheres que vivem com HIV/AIDS, onde temos representação em todos os estados
do Brasil. Sou o ponto focal em Minas Gerais e ocupo a secretaria nacional do
colegiado. Atualmente, trabalho como monitora do Programa BH de Mãos Dadas
contra Aids e terminei o curso de Serviço Social.
MGRV: Qual o objetivo do movimento?
Heliana Moura: O objetivo do
Movimento Nacional de cidadãs Positivas é fortalecer e empoderar as mulheres
vivendo com HIV/AIDS tanto individualmente, quanto coletivamente, incentivando
o protagonismo e ocupação de espaços de controle social como os conselhos
municipais e estaduais de saúde, comissões de discussão sobre a epidemia de
Aids entre outros espaços de diálogo e construção com o poder público.
MGRV: Quem pode participar? Como
participar?
Heliana Moura: Pode participar mulheres
que vivem com HIV/AIDS. É importante ter um núcleo em cada município com
respaldo da representante estadual, para articularem as ações juntamente
com outros núcleos.
MGRV: Há quanto anos você vive com HIV? Conte um pouco de sua experiência
desde momento em que soube de sua sorologia, os desafios, preconceitos e
vitórias.
Heliana Moura: A descoberta da
sorologia é sempre um momento muito difícil, mas graças ao apoio de familiares e
de amigos, consegui superar os primeiro momentos que são os mais complicados. Resolvi
superar, viver intensamente, ser feliz, amar e ser amada, tive mais um filho,
agora tenho um casal, a moça antes do HIV e o menino depois, hoje com 22 e
14 anos respectivamente, entrei no movimento social, sou hoje protagonista da
minha história, falo por mim, e por milhares de
mulheres, realizando controle social, levando nossas demandas aos
gestores e ocupando espaços me fortalecendo e tentando através de informações e
esclarecimentos fortalecer também outras mulheres. Há 4 anos decidi me graduar
em serviço social, e em agosto de 2012 me formo e hoje sou
uma assistente social. Sei que ainda tenho muito que caminhar, mas
desistir não é meu nome, hoje mais que nunca meu nome é luta....luto para que
os direitos de todas as pessoas com HIV/AIDS sejam respeitados, luto para que o
preconceito, o estigma e a discriminação diminua, e que as pessoas respeitem
as diferenças. Vivo com HIV há 16 anos, mas o HIV não me impede de viver
como qualquer outra pessoa.
MGRV: Qual a principal dificuldade de
uma pessoa vivendo com HIV hoje?
Heliana
Moura:
Acredito que ainda temos muitas, mas percebo ainda o preconceito, pois ele faz
com que pessoas desistam de viver, percam emprego, amigos e familiares se
afastem.
MGRV: Qual a avaliação que o MNCP faz
sobre a epidemia de Aids em Minas Gerais?
Heliana Moura: Temos muito
que avançar, somos um estado conservador, machista, sexista e homofóbico,
tudo isso faz com que nós pessoas vivendo com HIV e AIDS encontremos diversas
dificuldades; temos que aumentar o numero de municípios com programas
de DST/AIDS, temos que levar informações a muitas pessoas ainda, de forma
correta, sem tabus, falar de sexualidade para chegar na prevenção, temos que
fortalecer nosso SUS.
MGRV: Quais os fatores que colocam a
mulher, jovem, mais vulnerável ao HIV?
Heliana Moura: Questões que
agravam a vulnerabilidade dessas populações, o único caminho é a
informação continuada nas escolas, nos CRAS, nas igrejas, nas comunidades, enfim,
informação e prevenção andam juntas.
MGRV: É a primeira vez que você vem a
SJDR participar de uma atividade com o movimento LGBT local. Qual a importância
do diálogo e parceria dos diversos movimentos de luta contra a Aids?
Heliana Moura: Sim é a primeira vez
que estarei contribuindo com nosso trabalho em São João del-Rei. Admiro muito o
trabalho do movimento gay, somos frutos de toda militância de um
movimento tão politizado e articulado, essa parceria é fundamental.
Estou muito feliz e agradecida por essa oportunidade, contem sempre comigo e
com MNCP/MG.
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