Desde 14 de julho, uma mesma pergunta é repetida insistentemente pela população, seja em faixas de manifestações de protesto ou em redes sociais: onde está Amarildo? Passados dois meses do sumiço do ajudante de pedreiro, morador da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, a pergunta ainda continua sem resposta. Tornando-se assim o centro das discussões a cerca dos direitos humanos, como ocorreu no primeiro seminário municipal de educação em direitos humanos, da 6ª Semana Diversidade Sexual, realizado na última quarta-feira, dia 11 de setembro, no teatro da Escola Municipal Maria Tereza.
Onde está Amarildo? Ele, assim como grande parte da população, não é uma pessoa que poderia desaparecer sem que sua família deixasse de perguntar, não é o pai de quem os filhos esqueceriam facilmente, nem o sobrinho, tio, primo, irmão, marido por quem ninguém se lembrasse. Ele é um cidadão e como tal tem direito, previsto em lei, pela liberdade, pela locomoção e, principalmente, pela vida.
Temas como esses foram debatidos pelo cientista social e gestor da pasta de educação em Direitos Humanos da prefeitura municipal de Contagem, Leonardo Kouty. Segundo ele, perguntar onde está uma pessoa desaparecida e lutar por essa causa é início de uma grande transformação social.
“Quando a gente pergunta fora de um espaço formal do trabalho onde está um companheiro, um conhecido, um desaparecido ou alguém que sofreu algum certo tipo de preconceito, opressão nós estamos elaborando uma ideia de transformação e solidariedade com o outro. Porque, não adianta, por exemplo, chegarmos à sala de aula e pregar um novo pensamento se ao sairmos dela nós repetirmos os mesmos preconceitos que supostamente combatemos”, afirma Kouty.
Caso Amarildo
O ajudante de pedreiro Amarildo de Souza desapareceu no dia 14 de julho deste ano, após ser abordado por policiais da UPP Rocinha. No dia 29 de agosto, o Ministério Público do Rio pediu a expulsão de quatro policiais e o comandante da unidade por improbidade administrativa na operação Paz Armada, durante a qual o homem foi abordado.Uma longa reconstituição do caso foi realizada na noite do dia 1º de setembro e terminou após mais de 16 horas. Agentes da Polícia Civil, os 13 PMs da UPP da Rocinha, além do Ministério Público, refizeram todo o trajeto desde a primeira abordagem dos policiais da UPP ao ajudante de pedreiro.
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Texto: Natália Giarola
Fotos e vídeo: Diego Meneses
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